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Comércio da Bahia deve fechar o ano com queda de 0,5%, apesar dos sinais que apontam crescimento forte em 2020

Comércio
15 de maio de 2021

O ano de 2019 não foi fácil para o comércio varejista da Bahia. De acordo com estimativa realizada pela Fecomércio-BA, o faturamento do ano deve fechar com R$ 66,6 bilhões, ligeira queda de 0,5% em relação a 2018. Ainda está muito longe do que se vendia no período pré-crise, como em 2014, por exemplo, quando foram contabilizados R$ 83 bilhões de reais (valor já atualizado pela inflação).

Os setores que devem ter os melhores desempenhos são os que comercializam produtos essenciais como supermercados e farmácias. O resultado projetado para o ano é de 3,1% e 1,7%, respectivamente. Vale ressaltar que o Setor Supermercadista evitou uma queda maior, pois representa cerca de um terço de tudo que se vende no Estado.

Apesar de duas atividades estarem com projeção positiva para o ano, como vestuário, tecidos & calçados (1,3%) e eletrodomésticos & eletrônicos (0,7%), o faturamento deles ainda são bem abaixo do visto no passado, o que torna a base de comparação mais fraca.

No sentido negativo, o destaque deve ser do grupo “Outras Atividades” composto por venda de combustíveis para veículos, lojas de artigos esportivos, joalherias, lojas de jornais e revistas, entre outros. A expectativa é de retração de 14,5% em relação ao ano passado. O peso maior está na área de combustíveis, o que a economia ainda mais fraca interfere do setor.

As demais quedas estão relacionadas aos setores de bens duráveis. As concessionárias de veículos e as lojas de autopeças e acessórios devem registrar a mesma variação negativa, de -2,7%. As vendas nas lojas de materiais de construção devem retrair 1,5% e, por fim, as lojas de móveis e decoração com recuo projetado de 0,6%. O que há de comum para essas atividades é uma relação direta com o comportamento do crédito. Diante das dificuldades econômicas e políticas em 2019, os bancos passaram boa parte do ano com a seletividade do crédito, o que fez com que o consumidor não tivesse acesso.

Apesar dos dados gerais indicarem um cenário negativo, é importante realizar uma análise trimestral dos dados. Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, “havia, desde o final do ano passado, uma expectativa otimista com a eleição. No entanto, um quadro mais desafiador apareceu e a recuperação da economia, que se esperava mais rápida, acabou  tendo um ritmo mais lento por causa de toda a negociação da agenda de reformas do governo”. Na opinião do especialista, à medida que as principais reformas e medidas de estímulo forem sendo aprovadas ou adotadas, a confiança dos consumidores e empresários foi retornando.

“Isso começou a partir de setembro, com o anúncio da liberação anual dos recursos do FGTS, PIS/PASEP e com a sequência de redução da taxa básica de juros para o seu menor patamar histórico, de 5% ao ano”, atesta Dietze. Esse último ponto foi fundamental, pois os juros na ponta começaram a baixar para o consumidor. Os bancos tiveram que correr um pouco mais de risco e ofertar mais crédito ao mercado. Ao mesmo tempo em que a economia baiana gerou 38 mil empregos formais até outubro, dá condições de reduzir o risco da inadimplência.

Os números mostram com evidência essa passagem de tempo no ano. Nos dois primeiros trimestres as vendas caíram 2,4% e 2,7%, respectivamente. Já no terceiro trimestre, o saldo das vendas foi de -0,3% e a expectativa para os últimos três meses do ano é de um crescimento de 3% contra igual período do ano passado.

“É um excelente indicativo que as condições estão melhorando. A estrutura de juros baixos, mercado de trabalho mais aquecido, reformas importantes sendo aprovadas, redução da burocracia, entre outras medidas, é o que dará sustentabilidade ao consumo de longo prazo”, acredita.

No entanto, para a Fecomércio-BA, os dados esperados de 2019 devem ser lidos com cautela. Caso se confirme a expectativa de crescimento de vendas no Natal de 3,6%, este será um ótimo termômetro para os empresários acreditarem que 2020 será um ano mais favorável e o varejo entrará numa rota positiva buscando recuperar o que perdeu ao longo dos últimos anos e atingindo novos patamares de vendas.