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Endividamento e Inadimplência apresentam queda em março, mas patamar ainda requer atenção, analisa Fecomércio-BA

Comércio
15 de maio de 2021

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumido (PEIC), da Fecomércio-BA, mostrou mais uma queda na taxa de endividamento, a sexta seguida, de 61% para 60,2%. Atualmente, são 559,5 mil famílias que possuem algum tipo de dívida, ante os 620,7 mil desde setembro, quando as taxas começaram a sequência de queda.

“Um endividado, por exemplo, é algum consumidor que fez uma compra no cartão de crédito e precisa pagar a fatura. A pesquisa considera inadimplente o consumidor que não conseguiu pagar a fatura até a data do vencimento”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

A taxa de inadimplentes em março atingiu os 24,6%, também sendo a sexta retração seguida. São ao todo, 228,8 mil famílias que estão com contas em atraso, 57 mil a menos do que em setembro passado, porém, 74 mil acima do visto em março de 2020, logo no primeiro mês da pandemia no país.

Até aqueles consumidores que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso, estão em um número menor. Em março, a taxa foi de 9,2% ante os 9,9% do mês anterior e abaixo dos 13,6% que foi no auge da pandemia no ano passado, no mês de julho.

Guilherme Dietze avalia que os feirões de renegociação de dívida em Salvador tiveram muito sucesso, com famílias conseguindo desconto quase que completo da multa e juros do compromisso em atraso. “Além disso, as pessoas estão usando parte da poupança que guardaram no ano passado para pagar as contas do dia a dia. E para ajudar um pouco mais, o último dado de emprego de Salvador, referente ao mês de janeiro, mostrou criação de vagas formais em todos os ramos de atividade, comércio, serviços e indústria, contribuindo para que algumas famílias tenham um pouco mais de renda e consigam pagar as dívidas contraídas”.

E ainda continua com um percentual elevado, de 93,6%, de famílias que estão devendo no cartão de crédito. O economista ressalta ainda que qualquer consumidor que realize uma compra no cartão de crédito passa a ser um endividado, pois terá que pagar a fatura. “A facilidade no pagamento no cartão de crédito, sobretudo agora com a piora do cenário econômico e a dificuldade de obtenção de outras formas de crédito nos bancos e financeiras, faz com que essa modalidade se destaque ainda mais”, afirma Dietze.

Os carnês, segundo da lista com 7,9%, também tem sido uma forma alternativa para as compras, principalmente dos bens duráveis como os eletrodomésticos.

A Fecomércio-BA orienta aos consumidores que algumas modalidades devem ser evitadas ao máximo, como é o caso do cheque especial. Apesar de ter somente 2,9% das famílias endividadas nessa modalidade, o juro cobrado médio é de 6,7% ao mês, fora as taxas e impostos na sua utilização.

A maior taxa de juros, no entanto, continua sendo a do rotativo no cartão de crédito, de 330% ao ano. Mas após 30 dias do não pagamento da fatura, o banco é obrigado a oferecer uma linha de crédito com taxas mais modestas, como o crédito pessoal ou o consignado. Embora haja essa “facilidade”, o economista orienta que “o ideal é evitar chegar a esse ponto, ou seja, que o consumidor tenha o controle das despesas e isso só é possível quando a quantidade de cartões na família é pequena”.

Ainda na PEIC, a parcela da renda comprometida com a dívida cai constantemente e atinge os 35,3% em março, ainda pouco acima do ideal, de 30 a 33%, mas nada que possa gerar algum sinal vermelho para o orçamento doméstico.

O patamar mais elevado em relação ao ano passado requer um pouco mais de atenção, sobretudo no avanço da pandemia e das restrições das atividades.